sexta-feira, 30 de outubro de 2009

O primeiro post

Bem, há gente que é muito experiente nesta coisa de bloguices e blogueiros, eu no entanto sou algo caloiro por estes lados. Não sei bem o que escrever num primeiro post pelo que passo a apresentar-me, de forma sucinta, porque a minha vida não diz respeito a ninguém. Ou diz?
Sendo assim sou o Leonardo, caso não tenha dado para reparar, sou aluno de enfermagem numa engraçada escola da região centro. Devo dizer que gosto do que estudo, só não gosto da forma imposta pelo "sistema" que obriga os alunos do ensino superior a ser praticamente auto-didactas e máquinas de "empinamento" de matéria, em vez de seres providos de pensamento crítico e capacidade de reflexão.
Não sou muito de me conformar com coisas que me desagradem, mas o facto é que não há nada a fazer, se o sistema do ensino superior está podre a maioria dos alunos ainda mais podre está.
Não sei, sinceramente, o que leva as pessoas a ingressar no ensino superior. Eu entrei porque, para exercer a profissão que há muito tinha escolhido, me é exigido um curso superior, no entanto vê-se pelas escolas lusitanas algumas almas desprovidas de qualquer motivação, que se arrastam pelos corredores das universidades e dos politécnicos, a destilar ainda o alcool das noitadas anteriores e mais preocupados com o número de imperiais que vão conseguir virar nessa noite do que propriamente em se esforçar minimamente para passar numa única frequência.
Não sou nenhum intelectual como possam pensar, nem tenho pretensões de o ser, acho apenas que, ao contrário de muitas coisas, o ensino superior não é para quem pode, é para quem quer. Exige muita dedicação e muito esforço e há certos hábitos que não são coniventes com o que nos é exigido.
Também apanho as minhas bebedeiras, caixão à cova algumas, mas opto por as ter às sextas-feiras ou aos sábados à noite, uma vez que evito ir no dia seguinte vomitar nas casas de banho da escola ou adormecer em plena aula à frente de toda a gente, e ainda me orgulhar disso.
Há falta de maturidade, costuma-se dizer, e é verdade que há sim uma carência da mesma. O salto do ensino secundário para o ensino superior é grande, principalmente quando implica mudança de cidade, pessoas que três meses antes eram crianças sobreprotegidas pelos pais chegam agora a uma cidade nova, cheia de sítios dedicados ao ócio, e à falta dos pais para os controlar, o auto-controlo falha. As meninas bonitinhas que iam todos os domingos à missa perdem a classe e tornam-se em devoradoras de homens e os rapazes que se esforçavam antes por controlar a ingestão de alcool, esforçam-se agora para ganhar uma competição de quem bebe mais.
Mas é esta a nossa tradição académica, andar sujo durante uma semana, apanhar grandes bebedeiras, vestir de preto e chumbar anos a fio para acumular matriculas. É esta a tradição de que tanto nos orgulhamos e que tanto defendemos, podíamos esforçar-nos para promover a investigação por parte dos alunos nas escolas, por termos um ensino superior que para além de formar ainda produz conhecimento para a sociedade, mas infelizmente não, o nosso ensino superior serve para enriquecer uns às custas do empobrecimento de outros, serve para brincarmos às hierarquias forçadas e para treinar os nossos hepatócitos na luta contra o etanol.

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